O trajeto até o Eungella foi fantástico. A partir de Airlie Beach pegamos uma estrada "convencional", a Bruce Highway, que por sinal, é praticamente a única estrada maior por onde andamos desde que saímos de Cape Tribulation, ela faz parte do sistema nacional de estradas da Austrália e liga Norte a Sul. Entretanto, logo em seguida, iniciamos o trajeto por estradas vicinais, cada vez mais remotas, até uma que cortava uma área eminentemente rural e sem nenhum sinal de vida por perto. Chegamos a nos preocupar com o combustível por lá, mas felizmente, conseguimos chegar ao posto com alguma folga. Esta estrada, a propósito, foi mais um dos fantásticos acasos que fazem parte deste tipo de viagem... O roteiro do Mike indicava 210 km até o Eungella, e o GPS propôs nos levar por 180 km... revirei o roteiro, tentei encontrar a diferença entre um caminho e outro, mas não consegui. Então, segui o roteiro sugerido e além de economizar 30 km (o que foi importante no fim do dia) e fomos brindados com uma estrada bastante pitoresca.
Mas o ponto alto do dia ainda estava por vir. Trata-se da estrada que "sobe o morro" até o Eungella. Típica daquelas estradas pra não esquecer: curvas em cotovelo, aclive acentuado e uma paisagem de tirar o folego.
Lá em cima, fomos tentar ver o tal do ornitorrinco. Mas como o bicho ficou escondido, o melhor desta etapa foi o súbito acometimento do Montanha pelo "momento Brockeback Mountain". Provavelmente com saudade de casa, quando chegamos à bucólica paisagem do parque, ele fez comentários um tanto quanto, digamos, inusitados, relatando seu sentimento profundo de que estava entrando "dentro" do famigerado filme dos coubóis viadinhos... Uma coisa verdadeiramente emocionante... Em homengem ao Brockback Montanha, tiramos a foto abaixo, todos abraçadinhos pra dar ao guri algum "aconchego"...
Bom, e já que não teve ornitorrinco nenhum, o jeito foi fotografar as tartarugas....
Do Eungella tomamos o rumo do que se tornou nosso destino final do dia, Rockhampton. Achamos que fossemos ficar pelo caminho pelo cansaco, mas conseguimos chegar até aqui, com direito a um trecho de estrada não pavimentada pra batizar as GS na estrada de terra. Foram mais de 600 km no dia, e pra "coroar", tomamos um esporro dum guarda australiano por excesso de velocidade (que nem era tão excessiva assim...). Estávamos próximos de escurecer e com quase 100 km pra rodar, e a moto do Montanha está com a luz do farol baixo queimada. Por isso, resolvi apertar um pouco mais o passo pra tentar chegar a Rockhampton com o dia ainda claro, e subi da média de 110 km/h que estamos fazendo, pra algo perto de 130 km/h. Ah, o tal do Murphy.... é óbvio que cruzamos um guarda com radar na estrada, que estava com o carro parado em sentido contrário ao nosso, que ao nos ver ligouo sirenes, vez a volta e veio atrás. Encostamos e ouvimos uma babada geral. Mas há que se fazer o justiça, o cara foi muito bacana, extremamente educado e parecia, verdadeiramente, querer nos "educar". Tanto é, que não nos multou. E nem preciso dizer que não insinuou NADA remotamente parecido com o pedido de alguma "ajuda pra corporação"... Quase igual aos nosso guardas no Brasil e América do Sul em geral (com exceção do Chile). No meio do caminho, paarada estratégica pra bater um rango... Um posto na beira da estrada com galinha assada em promoção... frenesi alimentar!!!! As fotos a seguir falam por si só...
Observem o que sobrou dos frangos.... muito pouco pra contar a história...
Chegamos Rockhampton, e mais uma das agradáveis surpresas da viagem... a cidade é grande, provavelmente a maior que conhecemos até aqui. É a "capital" do estado de Queensland, o principal centro comercial. Chegamos, rodamos um pouco, fomos atrás de um ponto de informações turísticas, não o encontramos e paramos bem próximos ao centro da cidade, nas margens de um rio que corta a cidade... Fomos a um travelodge que estava ocupado e não tinha quarto disponível, e ao lado tinha um outro hotel (The Edge) meio chique, mas resolvemos perguntar assim mesmo se tinha vaga. Pois é... tinha vaga, a preço bem razoável. Resolvemos ficar e antes de subir, passamos no bar do hotel pra tirar o pó da garganta, com as roupas de viagem e tudo. O bar parecia fechado pra uma festa particular, mas mesmo assim resolvemos perguntar à garcónete se poderíamos beber alguma coisa. Ela nos indicou o canto do balcão, na entrada do bar, de modo que ficássemos "fora" da área onde a tal festa tava rolando. Tomamos uma, uma rodada de shot, outra, outra rodada de shot, e um cara duns 50 anos veio conversar com a gente. Pra resumir a história: o cara é dono do hotel, dono do bar/restaurante onde estávamos e pelo jeito dono de meia rockhampton. Criador de gado, gente boa pkct, pagou várias rodadas pra nós, ao que retibuímos com uma camiseta da viagem e adesivos. Aí foi que o cara pirou, tratamento VIP e fez questão de almoçar conosco hoje no seu restaurante. Acho que o rango vai ser de primeira!!!!!!
Este foi o primeiro "cheers" da noite. O detalhe curioso... o cara no fundo, observando os ogros, é tal do dono de Rockhampton, o Ian, nos observando...
E agora sim, Ian junto conosco, patrocinando uma Guiness básica...
